A recriação de materiais recicláveis como foco da arte de Elania Matos

A psicóloga, artista visual, curadora, educadora ambiental Elania Matos, atua como servidora pública da Superintendência de Limpeza Urbana – SLU, na Prefeitura Municipal de Belo Horizonte – PBH. Natural de Padre Paraiso, graduou em Psicologia pela Faculdade Newton Paiva, em Artes pela Universidade do Estado de Minas Gerais – UEMG e possui pós graduação em Gestão de Resíduos pela PUC Minas.

Trabalha com educação ambiental e arte mobilização na Prefeitura de Belo Horizonte, desde 1996, criando, produzindo exposições e intervenções artísticas urbanas sobre questões ambientais.

Participou de exposições, intervenções e atuou como curadora em vários espaços, entre eles, no Centro Mineiro de Resíduos; no Boulevard Shopping; no Minas Centro; na Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG e PROPAM; no Museu da Moda de Belo Horizonte – MUMO; na PUC Minas; na Assembleia Legislativa; na Universidade do Estado de Minas Gerais – UEMG; nos Centros Culturais da Fundação Municipal de Cultura da PBH e escolas de Belo Horizonte; na Sede da Prefeitura de Belo Horizonte; na Galeria de Artes do Minas Tênis Clube II; no MIS Cine Santa Tereza em Belo Horizonte; na coletiva virtual internacional: 4° Exposición Virtual Internacional Libre Albedrío; em exposição virtual no Museu Regional do Norte de Minas/MRNM; no Centro Cultural Ataíde Ócios e Ofícios; no Agosto Butiquim.

Elania Matos conheceu mais de 20 países, descobriu suas culturas, manifestações artísticas locais e visitou museus.  Desde muito cedo compreendeu que a arte era importante em sua vida, pois considera a mesma como um alimento que deveria permear seu caminho profissional e, se sentindo gratificada por tal, considerou:

“Meu foco de trabalho na arte são as formas livres, assim recorro às texturas, colagens e matizes para a ressignificação de materiais descartados, principalmente embalagens. Sou apaixonada por cores, que guiam meu trabalho e funcionam como um abraço envolvente. Cor para mim é manifestação cultural, informação, conceito, além disso, são representativas, simbólicas e funcionam como instrumento para dar vida aos meus quadros. A cor transforma, respira, sonha e conecta minha inspiração no processo de criação”.

“A formação em psicologia forneceu a base para meu trabalho com educação ambiental, ocasionando a necessidade de aprofundar conhecimentos sobre arte. Como educadora ambiental fui estimulada, pela inexistência de literatura específica a respeito da arte na mobilização social, na busca de respaldo no curso de artes visuais, conhecimentos e possibilidades de criação de expressões artísticas plásticas”.

“O ano de 2020 foi muito difícil, mas possibilitou a minha dedicação ao trabalho artístico autoral, sendo que na introspecção provocada pela pandemia surgiu o desejo da reinvenção do uso da minha energia criativa, impulsionando o meu ingresso em novo projeto como artista independente. No trabalho autoral optei pela técnica mista com suporte de madeira, resina, pintura, colagem de objetos variados, principalmente materiais recicláveis e peças em desuso. Dessa forma, incentivo novas atitudes que possam prevenir o consumo exagerado e o descarte inconsequente”.

Segundo Elania Matos, a maioria das obras são confeccionadas utilizando materiais que normalmente são descartados como resíduos. Mas no seu trabalho busca transformar e recriar quadros, incorporando outros elementos, para dar nova vida aos recicláveis.

“Utilizo a tinta álcool e a resina, a fim de complementar a transformação dos descartáveis, que ficam com a aparência de doces, pois esses materiais proporcionam fluidez e suntuosidade às obras. O círculo, presente na maioria das minhas peças, remete ao movimento constante, mas também aprisiona uma energia colorida de uma só linha, que passa a ter vida própria e, numa profusão constante de voltas fecham círculos, assim como na vida. O trabalho com resina é demorado, e isso me ensinou muito sobre o tempo de espera e cura do material, me remetendo a um período em que vivemos constantemente ameaçados, ou por um vírus, que pode tirar todo o nosso tempo de vida, ou pelas constantes mudanças culturais e sociais”.

A artista, que preza pelas parcerias, pelo trabalho coletivo, pondera sobre a importância de uma rede colaborativa no incentivo e valorização da arte.

“No ano de 2021 ingressei num coletivo de artistas, que foi um passo decisivo para o meu engajamento no mundo das artes em Belo Horizonte. Hoje, participo do Libertas Coletivo de Artes, que atua intensamente com investimento no crescimento do artista, principalmente a valorização do artista mineiro e isso tem sido uma grata experiência”, finalizou Elania Matos.

Por Luiza Miranda – Escritora e colunista.